O mercado de exportação da aquicultura brasileira deixou de ser uma alternativa para se consolidar como um pilar estratégico para o crescimento e a sustentabilidade do setor. Os números recentes, tanto da piscicultura quanto da carcinicultura, demonstram uma trajetória de expansão robusta, refletindo a crescente aceitação e a qualidade do produto nacional no cenário global. Analisar esses dados é fundamental para compreender a importância vital de se voltar para o mercado externo.
Essa performance positiva não é um fato isolado; ela representa o resultado de investimentos em tecnologia, sanidade e gestão profissional por parte dos produtores. Portanto, entender a dimensão desses números é o primeiro passo para que mais fazendas possam se planejar e participar desse movimento de expansão.
A piscicultura brasileira, liderada pela tilápia, tem sido a grande protagonista na pauta de exportações. Segundo dados da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), o setor atingiu um recorde histórico em 2022, com uma receita de US$ 23,8 milhões, um marco para a atividade.
Analisando os detalhes, os números são ainda mais reveladores:
Esses valores não representam apenas uma entrada de divisas, mas também um atestado de qualidade para a piscicultura nacional, validando que o produto brasileiro compete em pé de igualdade com os principais players mundiais.
Paralelamente, a carcinicultura também mostra seu potencial exportador. Embora com volumes distintos, o setor tem trabalhado para reconquistar e expandir sua presença internacional. A Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC) aponta para um esforço contínuo na abertura de novos mercados e na adequação às normas internacionais. A exportação de camarão, além de diversificar a pauta da aquicultura, atende a nichos de mercado que buscam um produto de alto valor agregado e cultivado sob práticas sustentáveis, uma marca da produção brasileira.
Os números expressivos se traduzem em benefícios diretos e indiretos para toda a cadeia produtiva. A importância do mercado de exportação da aquicultura vai muito além do faturamento.
1. Diversificação de Receita e Dolarização Depender exclusivamente do mercado interno expõe o produtor a flutuações de preço, sazonalidade e instabilidades econômicas locais. A exportação, por sua vez, gera uma receita em moeda forte (dólar), o que protege o negócio contra a desvalorização cambial e crises internas, conferindo maior resiliência financeira à fazenda.
2. Elevação dos Padrões Produtivos Para exportar, é obrigatório atender a padrões internacionais de sanidade, rastreabilidade e sustentabilidade. Essa exigência força o produtor a elevar seu nível de gestão, implementando um controle rigoroso sobre todos os processos. Desde a aquisição de pós-larvas e alevinos até a despesca.
3. Valorização da Marca “Brasil” Cada contêiner de peixe ou camarão exportado com sucesso funciona como uma vitrine para a qualidade da aquicultura brasileira. Isso fortalece a imagem do produto nacional no exterior. Abre portas para novos negócios e consolida o Brasil como um fornecedor confiável e de alta qualidade.
Em conclusão, os dados demonstram que o mercado de exportação da aquicultura é um motor poderoso para o desenvolvimento, a profissionalização e a lucratividade do setor. Investir em gestão, tecnologia e certificações não é mais uma opção, mas sim o caminho para garantir a competitividade e o crescimento sustentável das fazendas brasileiras no palco mundial.
Fonte: Embrapa Pesca e Aquicultura